Bordeaux Primeurs 2011: Saint-Émilion no Château Soutard

Foi na margem direita, em relação ao estuário da Gironda (la Gironde), que começou a história do vinho em Bordeaux. Os relatos mais concretos datam do século IV e são do poeta Ausonius que possuía um vinhedo na região, no local onde hoje fica o Château Ausone. De lá pra cá muita coisa mudou: Os ingleses ocuparam a região, a atenção do mundo se voltou para a península do Medoc, os vinhedos de Saint-Émilion foram declarados patrimônio da humanidade pela UNESCO… Uma coisa, porém, permanece inalterada: esta mística apelação continua fazendo todo amante de vinhos sonhar.

O Château Soutard, o mais novo associado da União dos Grand Crus de Bordeaux, foi quem acolheu a degustação em Saint-Émilion. Os convidados passavam pelas lindíssimas cubas de vinificação antes de entrar na sala de degustação, montada nos chais do Château (local onde são organizados os barris), que foi desocupada para abrigar confortavelmente o evento.

Uma grande propriedade para os padrões da apelação, o Château Soutard possui 22 hectares de vinhedos – repartidos em 70% de Merlot e 30% de Cabernet Franc – e se beneficia da diversidade de três solos diferentes: 16 hectares em um planalto calcário, 4 de um solo areno-argiloso e, ainda, 2 hectares em argilo-calcário.

Em linhas gerais, o ano de 2011 originou uma safra muito heterogênea em Saint-Émilion, resultado de vários fatores tais como: uma grande dispersão entre os vinhos; um regime climático dito “complicado” e, sobretudo, dos meios empenhados pelos proprietários. Mais uma vez os grandes Châteaux (que podem gastar muito ou produzir muito pouco) se destacam do pelotão.

Os Merlots, que são predominantes na região, não conseguiram apresentar todo seu potencial em 2011, e foram os Cabernets Franc que se destacaram, trazendo personalidade aos vinhos – que em geral são marcados pela suavidade e ricos em aromas e paladares de frutas vermelhas e escuras. Os Cabernet Sauvignon se saíram melhor que os Merlots, mas não alcançaram a exuberância dos Francs. Os Châteaux que decidiram apostar em assemblagens com predominância de Cabernet Franc, parecem ter obtido mais êxito. E o resultado é um vinho que sai do usual, de uma apelação reconhecida e consagrada por seus belíssimos Merlots.

“Um ano diferente de todos os outros! Com uma primavera muito quente, uma floração muito precoce, um verão que não foi bom… Entretanto, tivemos um final de estação que nos permitiu colher as uvas com boa maturidade, dando uma millésime de um belo equilíbrio, boa acidez e álcool moderado, o que dá um belo frescor ao vinho; agradável na boca.” Define Véronique CORPORANDY maitre de chais (winemaker) do Château Soutard (nosso anfitrião) e, ainda, dos Château Larmande, Château Grand Faurie la Rose, Château Cadet-Piola (todos pertencendo ao grupo AG2R La Mondiale).

“Depois de 2009 e 2010, em que tudo estava perfeito, 2011 é agradável, equilibrado. Um belo vinho!”, completa Véronique.

Lista dos Châteaux participantes

PropriedadeApelação
1Château Balestard LaTonnelleSaint - Emilion Grand Cru
2Château Beau -Séjour BécotSaint - Emilion Grand Cru
3Château BerliquetSaint - Emilion Grand Cru
4Château Canon La GaffelièreSaint - Emilion Grand Cru
5Château Cap de MourlinSaint - Emilion Grand Cru
6Château DassaultSaint - Emilion Grand Cru
7Château -FigeacSaint - Emilion Grand Cru
8Clos FourtetSaint - Emilion Grand Cru
9Château Franc MayneSaint - Emilion Grand Cru
10Château Grand MayneSaint - Emilion Grand Cru
11Château La CouspaudeSaint - Emilion Grand Cru
12Château La DominiqueSaint - Emilion Grand Cru
13Château La GaffelièreSaint - Emilion Grand Cru
14Château La Tour FigeacSaint - Emilion Grand Cru
15Château Larcis DucasseSaint - Emilion Grand Cru
16Château LarmandeSaint - Emilion Grand Cru
17Château Pavie MacquinSaint - Emilion Grand Cru
18Château SoutardSaint - Emilion Grand Cru
19Château Troplong MondotSaint - Emilion Grand Cru
20Château TrottevieilleSaint - Emilion Grand Cru
21Château VillemaurineSaint - Emilion Grand Cru

 

Os destaques da degustação:

Chateau-Figeac – Premier Grand Cru Classé de Saint-Émilion – Mais uma vez a prova de que qualidade pode acompanhar quantidade. Château Figeac é a maior propriedade, em área plantada, de Saint-Émilion. São 40 hectares de vinhedos, uma enormidade para este lado do Gironde. O Château Figeac confirmou o status de Premier Grand Cru Classé B durante a última classificação dos vinhos de Saint-Émilion, em 2006. Um vinho icônico, pleno de sabores e personalidade.

“2011 foi um ano seco e quente, então fizemos de tudo pra proteger nossas uvas daquele calor; apenas métodos mecânicos – nós não utilizamos métodos químicos no solo – e muita inovação para preservar o frescor e aspecto aromático das uvas”, descreve Frédéric FAYE, o simpaticíssimo diretor técnico de Figeac.

“Nosso objetivo foi colher as uvas maduras, mas sem excessos, para preservar um belo equilíbrio e o frescor de frutas frescas. Porque Figeac tem de ser um vinho fino, elegante e com belos aromas de frutas frescas.” Completa Frédéric, com sua gentileza incomparável.

Coincidência ou não, Figeac é um dos Châteaux que apostou em uma assemblagem sem predominância de Merlot. As três castas são presentes em quantidades quase idênticas, produzindo um extraordinário vinho.

 

Château La Couspaude – Saint Emilion Grand Cru Classé – 2011 foi um ano revolucionário para o La Couspaude. “Depois de três anos de preparação, no ano passado vinificamos toda a produção da propriedade, barrica-por-barrica, o que aportou muito ao La Couspaude” nos conta Jean-Claude AUBERT, um dos proprietários do Château, que abandonou as grandes cubas, para aderir ao método da Borgonha. O guru Michel ROLLAND é o responsável por essa revolução qualitativa.

Os pequenos volumes de um barril, quando comparados aos de grandes cubas bordolesas, permitem que a colheita siga um ritmo próprio, baseado na perfeita maturidade das uvas, e não na necessidade de seguir o processo de fermentação, quando este é iniciado. Por exemplo: os Cabernet Francs foram colhidos em cinco “passagens”, ou seja, a cada passagem dos colhedores, apenas os cachos perfeitamente maduros são colhidos. O processo todo durou 37 dias para colher apenas sete hectares.

“Esse processo permite também um melhor casamento entre os taninos das uvas e os da madeira dos barris, desde o nascimento do vinho, ou seja, a partir da fermentação alcoólica.” acrescenta Jean-Claude.

O fato é que o Château La Couspode 2011, mesmo em 2012, já é um vinho delicioso, com uma matéria generosa e notas tostadas na medida certa. Um fabuloso vinho dessa degustação.

 

Château Cap de Mourlin – Saint-Émilion Grand Cru Classe –A família CAPDEMOURLIN, faz parte da historia de Saint-Émilion desde do século XVII. Thierry CAPDEMOURLIN, mostra com orgulho um documento encontrado por historiadores, que registra uma transação de venda de vinho de seu ancestral, Antoine CAPDEMOURLIN, em 23 de maio de 1667.

Mais um com a “marca” de Michel ROLLAND, o Château Cap de Mourlin, é um dos vinhos que supera as expectativas durante a degustação. O que não quer dizer que em termos absolutos é melhor do que os demais, porém, mostra que em 2011 alguns produtores puderam inverter a tendência, e produzir excelentes vinhos apesar das dificuldades impostas pela natureza.

A dispersão da qualidade na apelação Saint-Émilion vai fazer com que os amadores sejam muito criteriosos antes de comprar. Não se pode de nenhuma maneira generalizar o conjunto desta safra e, portanto, a solução é: prove todos! Somente assim você vai encontrar o que mais se adequa ao seu gosto, afinal, os excelentes Saint-Émilion não faltam.

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