Bordeaux Primeurs 2011: Graves e Pessac-Léognan no Château de Fieuzal

Os apaixonados sabem de coer a classificão dos Grand Crus de 1855 dos vinhos do Medoc, porém, a maioria desconsidera a classificação dos Grand Crus de Graves, que é bem mais recente, originalmente datando de 1953, ela foi extendida em 1959, e finalmente em  1987 foi oficializada a OAC Pessac-Léognan, uma espécie de ‘filet mignon’ reagrupando todos os Grands Crus Classés des Graves, inclusive o mistico Château Haut-Brion.

Imediatamente ao sul da região metropolitana bordolesa – tendo alguns dos Châteaux incrustrados dento das cidades, resultado de anos de urbanização –  os Crus Classés de Graves devem seu nome aos pequeninos seixos rolados de cor clara (graviers:  solo de cascalho em francês), arrancados do Pirenéus, e depositados pelo Rio Garona (la Garonne, um afluente do Gironda que nasce nos Pirenéus espanhois), ao longo das eras geologicas terciaria e quaternaria. Juntos com esses cascalhos a natureza também trouce areia e silex, para compor esse mil-folhas que faz o terroir de Graves.

Uma região cheia de particularidades, a começar pelo proprio nome, Graves é única região da França que deve seu nome a composição de seu solo, solo este que é reconhecido pela propriedade de guardar o calor durante o dia, e de le restituir à vinha durante a noite, produzindo condições ideais para o desenvolvimento e amadurecimento das uvas. Como se não bastasse, Graves é a única apelação autorizada a produzir Grand Crus tintos e brancos.

Lista dos Grand Crus Classés de Graves

Crus Classés de Graves Tintos Crus Classés de Graves Brancos
1Château BouscautChâteau Bouscaut
2Château CarbonnieuxChâteau Carbonnieux
3Domaine de ChevalierDomaine de Chevalier
4Château La Tour-MartillacChâteau La Tour-Martillac
5Château Malartic-LagravièreChâteau Malartic-Lagravière
6Château OlivierChâteau Olivier
7Chateau de FieuzalChateau Couhins
8Chateau Haut-BaillyChateau Couhins-Lurton
9Chateau Haut-BrionChateau Laville Haut-Brion
10Chateau La Mission Haut-Brion
11Chateau Latour Haut-Brion
12Chateau Pape Clément
13Chateau Smith Haut-Lafitte
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E são esse brancos de Pessac-Léognan, ou mais “ordinariamente” de Graves, que fazem toda a magia dessa bela região, dando também originalidade a Bordeaux. Produzidos principalmente a partir das uvas Sémillon e Sauvignon Blanc, em maior quantidade, mas também Muscadelle e Sauvignon Gris, castas que podem ser encontradas em quase qualquer lugar do mundo, mas que na região de Graves produzem vinhos absolutamente exepcionais. Extremamente aromaticos e elegantes, porém, com muita personadidade. Conseguem uma harminia perfeita entre acidez, densidade, complexidade e persistencia na boca, tipcos de grandes vinhos, afinal são Bordeaux.

Durante a apresentação da safra 2011, o Château de Fieuzal recebeu os profissionais do mundo todo para a degustação dos vinhos, brancos e tintos, de Graves e Pessac-Léognan da UGCB. Fieuzal é uma propriedade de 80 hectares, dividos em 70ha plantados majoritariamente em Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc. A propriedade selecionou 5ha para uma renovação do vinhedo e reintroduzir Malbec e Petit-Verdot. Apenas 10h são reservados para a produção dos brancos, plantados em Sauvignon Blanc, Sémillon e Muscadelle. A vinificação é feita em barricas de 225 litros, e parte em cubas de concreto ovoides (a nova moda no mundo do vinho, as cubas em formato de ovo).

“A assemblagem 2011 é de 70% Cabernet Sauvignon, 20% Merlot e 10% Cabernet Franc para os tintos. 70% Sauvignon Blanc e 30% de Sémillon para o branco” explica Christophe ROUSSEAU, viticultor (chef de culture) de Fieuzal, que mesmo se os vinhos ainda estão no meio do tempo que vão permanecer nos barris (entre 12 e 14 meses), ja tem os percentuais definidos.

Quando perguntado sobre a safra 2011: “Uma primavera muito quente e muito seca, seguida de um verão humido, que apesar de tudo nos ‘salvou’, aqui no nosso terroir de Graves. O outono ‘clemente’ nos permitiu de esperar a perfeita maturação para a colheita. Os Cabernets de Fieuzal estão exatamente como nos desejavamos”.

É verdade que tudo parece ter dado certo nesta região, os tintos são extremamente bem feitos, conseguem exprimir toda a elegancia da alquimia entre os Cabernet Sauvignon (da margem esquerda), com os Merlot (da margem direita), pruduzindo vinhos de raça, muito agradaveis ja neste estado de processo, mas que nos da muita vontade de descobri-los daqui a dez ou vinte anos.

Quanto aos brancos, a qualidade não para de aumentar. Talvez menos exuberantes que 2009 e 2010, os vinhos de 2011 são de uma grande precisão na vinifiação, e mais acessiveis ao paladar, proporcionando prazer imediato.

 

LISTA DOS CHÂTEAUX PARTICIPANTES

PropriedadeApelação
1Château de ChantegriveGraves
2Château FerrandeGraves
3Château RahoulGraves
4Château BouscautPessac-Léognan
5Château CarbonnieuxPessac-Léognan
6Domaine de ChevalierPessac-Léognan
7Château de FieuzalPessac-Léognan
8Château de FrancePessac-Léognan
9Château Haut-BaillyPessac-Léognan
10Château Haut-BergeyPessac-Léognan
11Château La LouvièrePessac-Léognan
12Château Larrivet Haut-BrionPessac-Léognan
13Château Latour-MartillacPessac-Léognan
14Château Les Carmes Haut-BrionPessac-Léognan
15Château Malartic-LagravièrePessac-Léognan
16Château OlivierPessac-Léognan
17Château Pape ClémentPessac-Léognan
18Château Picque CaillouPessac-Léognan
19Château Smith Haut LafittePessac-Léognan
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Os destaques da degustação:

Château Pape Clément – Grand Cru de Graves – Pessac-Léognan – Depois do Château Haut-Brion, sem duvida o mais extraordinario vinho da apelação. A mais valiosa das ‘joias da coroa’ de Bernard MAGREZ (a segunda maior furtuna francesa no mundo do vinho), é a outro proprietario, mais ilustre, que Château Pape Clément deve seu nome.

Nascido Bertrand DE GOTH em 1264, aos 31 anos se torna bispo de Comminges (nos Pirenéuse), e depois arcebispo de Bordeaux em 1299. Ele ganha de presente essa propriedade em Pessac, na época chamada de vinhedo de La Mothe, e é tomado de paixão pela vinha, se aplicando cada vez mais.

Entretanto, em 5 de junho de 1305, os cardeais se reunem em conclave na cidade de Perúgia (Italia), e o nomeam para suceder ao Papa Bento XI, falecido apos somente onze meses de pontificado. Bertrand DE GOTH adota então o nome de Clemente V.

O seu pontificado ficou marcado por dois eventos importantes na historia: a mudança da Santa Sé para Avinhão (Avignon) em 1309, rompendo com Roma e a luta de influencia, e ainda pela destruição trágica da Ordem dos Cavaleiros Templários (criada pela própria Igreja Católica), que defendiam e protegiam os cristãos pela Terra Santa. Clemente V é lembrado pelo nome de Papa esclarecido.

Esse esclarecimento é perceptivel no vinho produdizo pela propriedade da qual cuidou, tanto o tinto quanto o branco são absolutamente extraordinarios:

Grand Cru Classé – Château Pape Clément – Tinto – São 57 hectares plantados em 46% Cabernet Sauvignon, 49% Merlot, 3% Cabernet Franc e 2% Petit Verdot. Extremamente complexo, visita todas as familias aromaticas:  frutas, especiarias, notas florais tudo se sucede harmoniozamente. Na boca a complexidade se confirma, um vinho amplo, de uma textura fina, mais elegante do que denso. Notas de couro, tostado (quase de torrefação) se acrescentam as percebidas pelo nariz, com uma incrivel permanência na boca.

Château Pape Clément – Branco – apenas 3 hectares da propriedade são reservadas para a produção deste raro vinho, dos quais 45% Sauvignon Blanc, 45% Sémillon, 5% Muscadelle e 5% Sauvignon Gris.

Expresivo, este branco arrebata por sua intensidade. Primeiramente olfativa, uma complexidade aromatica, dificil de detalhar, mas as notas citricas, de mel, especiarias e amadeiradas são as mais pronunciadas. Depois no paladar, a intensidade no seu frescor, mas também na textura quase cremosa, esta perfeita harmonia impressiona. E finalmente a intensidade na permanencia. Um grande vinho, comleto.

 

Domaine de Chevalier – Grand Cru de Graves – Pessac-Léognan – Quase escondido no meio da floresta este grande dominio é constituido de 100 hectares, porém, apenas 40 são de vinhedos, uma raridade em Bordeaux, mais raro ainda é o fato de Chavelier não ter o nome de Château. Raros também são os vinhos produzidos, uma das seis propriedades de Bordeaux classificados Grand Cru tanto nos tintos quanto nos brancos.

Uma estrela ascenndente da apelação, os tintos do Domaine de Chevalier são reconhecidamente de grande qualidade, porém, é mais uma vez nos brancos que se destacam. Apenas 5 hectares são dedicados a produção dos vinhos brancos de Chevalier, sendo 70% de Sauvignon Blanc e 30% de Sémillon. Um Grand Cru com a marca de Denis DUBOURDIEU (um dois maiores enologos do mundo, consultor de Chevalier), em poucas palavras: Amplo, generoso, aromatico, potente e muito persistente, uma das maravilhas de 2011.

 

 

Château Smith Haut-Laffite – Grand Cru de Graves – Pessac-Léognan – O casal de proprietarios se destacam na paisagem bordolesa. Primeiramente pela origem, alpinos de Grenoble, Daniel et Florence CATHIARD faziam parte da equipe olimpica de esqui, e não tinham nenhuma experiência no vinho. Então decidiram não economizar esforços para produzir o melhor vinho branco que pudessem fazer, e pelo que tudo indica conseguiram.

Smith Haut-Laffite tem 67 hectares de vinhedos, e apesar de 56ha sere plantado majoritariamente em castas tintas (55% Cabernet Sauvignon, 34% Merlot, 10% Cabernet Franc e 1% Petit Verdot) – produzindo um excelente vinho tinto, mas é o seu branco que da toda a notoriedade a e este Château. David ORNON, o diretor comercial do Château, nos apresenta sua bela safra 2011.

Quem prove o Château Smith Haut-Laffite branco não fica indiferente. São apenas 11 hectares, onde 50% são de Sauvignon Blanc, 45% de Sémillon e 5% de Sauvignon Gris.Uma vinificação presisa, uma acidez perfeita, uma potência aromatica marcante e com uma permanencia na boca extraordinaria.  São notas citricas, de frutas branca, de flores brancas… que vão se sucedendo.

 

Chateau Malartic-Lagravière – Grand Cru de Graves – Pessac-Léognan – Uma das mais belas propriedades de Graves, este Château parece ter saido de um fime! Cheio de glamour, deve seu nome ao conde Hippolyte Maurès de Malartic, ilustre almirante do rei da França, dai seu rotulo com um grande barco a velas. Rotulos iconicos que envolvem garrafas excepcionais, mais um dos raros casos de classificados Grand Cru tanto nos tintos quanto nos brancos.

“Com belas belas cores e belas extrações, 2011 é uma mellésime um pouco diferent em relação as duas precedentes, que foram excepcionais, mas que ja é muito agradavel e proporrcionara muito prazer nos proximos anos. Um pouco no estilo de 2008” Explica sua safra Benoît PRÉVOTEAU, responsavel pela vinha (Maître de culture) do Château.

“E que sera distributivo completa Karim NASSER, o diretor comercial. “ ele sera mais abordavel em termos de preço. 2009 e 2010 viram um aumento consideravel de preços, esse não foi nosso caso, uma vez que 2009 nos aumentamos pouco nossos preços, e em 2010 nos os baixamos” explica Karim. Uma decisão para manter o posicionamento dentro do mercado europeu.

 

Chateau Carbonnieux – Grand Cru de Graves – Pessac-Léognan – um outro icone da apelação Pessac-Léognan, Carbonnieux é uma grande propriedade de aproximadamente 100 hectares de vinhedos, mas com uma distribuição mais ‘justa’ entre cores.  “Plantados 50% e tinto e 50% em branco, nos somos Grand Cru Classé em tintos e em brancos” Explica o simpatissimo Eric PERRIN, co-proprietario do Château, que estava no Brasil no evento da UGCB, e voltou muito entusiamado com o que viu.

“Fomos sortudos durante o verão. Tinhamos uma grande antecipação vegetativa, estimavamos 15 dias de avanço em relação ao ciclo vegetativo normal da vinha, então as baixas temperaturas durante 15 de julho até o final de agosto, desaceleraram este ciclo vegetativo, e permitiram ao Sauvignon Blanc e o Sémillon de amadurecerem lentamente, preservando o frescor, a boa acidez e uma complexidade aromatica” Define Eric, sua safra 2011 de brancos.

Seu tinto é um grande classico da apelação, porém, Chateau Carbonnieux 2011 branco ja é um grande vinho por sua potência aromativca, que se exprime na boca pela ‘finesse’, equilibrio e elegância, de grande frescor e uma excelente permanecia.

 

Château La Tour-Martillac – Grand Cru de Graves – Pessac-Léognan – o Château deve seu nome a torre que decora a propriedade, vestigio de uma fortificação construida em Martillac no século XII pelos ancestrais do celebre philosofo (e vinicultor)  Montesquieu.

O rotulo é o mesmo desde 1934. Esta safra foi escolhida  Wine and Spirit Benevolent Society de Londres para para ser servido no banquete de coroação do rei GeorgeVI, em 1936 no Palacio de Buckingham.

“Nos estamos muito contente do resultado, pois a safra 2011 foi ‘dificil’, um belo desafio que enfrentamos. Tivemos uma climatologia dificil… Um pico de temperatura em junho, que queimou uma parte dos Cabernet Sauvignon. No final de junho planejavamos colher no 10 de agosto,ou seja com mais de 3 semanas de avanço, mas como o verão foi humido, nos deu um vinhedo verde, a vinha então pode produzir uvas muito frutadas, com belo equilibrio… produzindo brancos muito muito aromaticos, com notas de pessego branco, citricos, uma bela vivacidade com 13,5° de álcool, ph baixo e uma bela acidez” conta Valérie VIALARD, enologa do Château.

Château La Tour-Martillac se afirma cada vez mais no terreno dos grandes da apelação, mesmo sem nunca ter sido pequeno, pois é uma das seis propriedades de Bordeaux classificados Grand Cru tanto nos tintos quanto nos brancos, mas se consolida com um icone de Graves.

 

Château de Chantegrive – AOC Graves – O Château deve seu nome ao tordo-músico, uma ave canora (Chantegrive em Francês), e tem sua origem em 1966, quando Henri LÉVÊQUE sacrifica sua coleção de selos (ele juntou selos durante 15 anos), para comprar 2 hectares de vinhedos. Depois de sussecivas aquisições, hoje a propriedade possui 97 hectares de vinhedos.

Uma belissima surpresa da apelação, este é sem duvida uma das melhores relações preço/qualidade na degustação. Mesmo não sendo nem Grand Cru de Graves, nem Pessac-Léognan, o Château de Chantegrive 2011 é ao nivel mais alto, mas com personalidade, fruto do trabalho cotidiano de timido Michel MESNARD (maitre de chais do Château), e do acompanhamento de Hubert DE BOÜARD, o proprietario do Château Angelus e enologo consultor.

 

A baixa dispesão entre os vinho apresentados, e uma qualidade ascendente (apesar da climatologia desfavoravel), indicam que 2011 é uma excelente safra na região de Graves.

E terminando com uma frase ouvida durante o evento :  De todas as apelações da França, Graves é a única que se casou com seu terroir ao ponto de adotar seu próprio nome. Não existe melhor certificação de origem!

Não hesite em experimentar os brancos 2011, você corre o risco de virar fã!

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